Test Ride BMW G 650 GS Sertão
Quando a BMW apresentou
a versão Sertão da sua caçula G 650 GS, no Salão Duas Rodas em outubro de 2011,
parecia mesmo uma maquiagem numa moto existente. Isso é comum acontecer quando
uma marca não tem lançamentos expressivos para apresentar num evento importante
como esse. Naquela ocasião o diretor da BMW Motorrad, Rolf Epp, mostrou o modelo
como um lançamento mundial.
Agora, seis meses depois do
lançamento mundial, a empresa submete a Sertão ao teste real, nas estradas de
terra da Serra da Mantiqueira, na região Sul de Minas Gerais na divisa com São
Paulo. De fato, aquela primeira impressão de que era apenas uma versão sumiu.
As pequenas modificações que a fábrica aplicou na G 650 GS deu à Sertão uma
abordagem mais fora-de-estrada e a proposta é oferecer uma moto capaz de cruzar
esse enorme espaço de terras brasileiras, as terras áridas do sertão, ou até
mesmo das piores estradas, que não são poucas, disponíveis no nosso país.
Além do estilo mais agressivo,
nas cores azul e branco da BMW, as modificações visaram aproximar a moto de um
uso mais esportivo e aventureiro. Segue a linha Adventure da marca e está
disponível também com os pneus Michelin T63, próprio para uso misto, com ótima
aderência na terra e ainda compatível com boa performance no asfalto.
As modificações principais
estão na suspensão de curso maior – ambas com 210mm de curso - o amortecedor
com reservatório externo na traseira, um estabilizador na suspensão dianteira,
extensões no paralama dianteiro e rodas raiadas em aros de alumínio – 21″ na
dianteira e 17″ na traseira. O assento tem duas alturas: 860 mm (stardard) e
900 mm com acessório especial. Para-brisa alto, protetor do motor de alumínio e
protetores das mãos completam o pacote por R$32.800,00 (tabela de abril/2012).
Como acessórios opcionais a BMW oferece o sistema ABS, que pode ser desligado
para uso na terra e uma ampla linha de outros acessórios, como malas laterais e
bauletos específicos.
A apresentação que a empresa
proporcionou aos jornalistas convidados não poderia ser mais envolvente. Um
percurso por trilhas, estradinhas de terra e asfalto no entorno de Campos do
Jordão (SP), com uma parada em Monte Verde (MG) para almoço e retorno. Foi
realmente uma excelente oportunidade para testar a moto no seu habitat natural.
Saindo por trilha de calha
dupla (passam carros) de Campos do Jordão até a rodovia SP-42, o percurso
passou por São Bento do Sapucaí e Paraisópolis (SP), onde novamente o roteiro
pegou uma estrada larga sem calçamento e com trânsito razoavelmente pesado,
cheia de costela de vacas (ondulações em série, profundas). A estrada passou
por Consolação (SP) e chegou em Cambuí (MG). De lá, pela rodovia Fernão Dias
(BR 381) o acesso a Camaducaia (MG) foi por uma estradinha de terra e então
para Monte Verde (MG).
A volta foi por outro caminho
para Campos do Jordão, saindo à esquerda no asfalto que liga Monte Verde à
rodovia Fernão Dias. Já de noite, o comboio passou por São Francisco Xavier
(SP) até o asfalto da SP-050 para Monteiro Lobato e finalmente Campos do
Jordão. Foi um total de 270 Km, metade aproximadamente em terra.
A descrição detalhada deste
percurso tem a finalidade de elucidar aos leitores que o trajeto foi muito bem
elaborado para testar de fato as qualidades da motocicleta (e dos pilotos) em
situação real e eventual para quem tem esse tipo de moto. Nenhum aspecto da
motocicleta foi esquecido, inclusive o uso dos faróis em percursos de terra
noturno.
Nas estradas mais travadas foi
possível testemunhar a agilidade e as respostas do conjunto pneus/suspensões.
Apesar de a moto já ser um pouco pesada para esse tipo de trilha, ela se
comportou muito bem e o motor potente fez a sua vez para levar a moto para as
condições desejadas, nas curvas e em vários outros obstáculos. Dois trilhos de
terra úmida e com folhas e gravetos, terra batida, arenosa e seca. No asfalto
de boa qualidade os pneus Michelin T63 surpreendem porque permitem boa
inclinação e estabilidade razoável, mesmo em velocidade.
De volta na estrada de terra
mais larga, com bastante tráfego, a suspensão e os pneus T 63 Michelin novamente
tiveram um papel preponderante na dirigibilidade da moto. Em pedras roliças e
soltas o controle não ficou perdido como é usual, mas nas costelas de vaca,
profundas e bastante presentes nesse tipo de estradas, a vibração foi tanta que
o pára-lama dianteiro de algumas motos não aguentou e quebrou.
Questionada sobre o fato a BMW
Motorrad Brasil esclareceu: “O primeiro lote de produção das motocicletas
modelo BMW G 650 GS Sertão, o qual continha as unidades apresentadas em seu
lançamento à imprensa especializada, em Campos do Jordão, apresentou um erro
ocasionado por um fornecedor na fabricação do seu para-lama. Todas as novas
motocicletas produzidas em Berlim e as também montadas em Manaus sob o regime
CKD sairão da linha de montagem com a correção devida deste fornecedor”.
A Sertão mostrou que não é apenas uma versão da G 650 GS. A BMW
poderia até tratá-la como outro modelo, pois as poucas modificações técnicas se
mostraram bem sensíveis (veja
teste da G 650 GS) e de fato colocam a moto em melhores
condições para quem vai encarar estradas de terra mais acidentadas e até
algumas trilhas um pouco mais travadas. Como estratégia, a BMW amplia a gama de
utilização do seu modelo de base e faz uma investida em aproximar sua
“best-seller” com versões que se identificam com suas concorrentes – as Yamaha
XT 660, Kawasaki Versys e Honda Transalp. Resta esperar e ver se o mercado
enxerga da forma como a BMW imaginou. Ah… a saudável concorrência!
Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um
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Fonte: Foto: Renato Durães.